Encerrou no último dia 12 de março, o ciclo de celebração e resistência do povo Pankararu conhecido como “Corrida do Imbu”. Consiste em celebrar a safra do fruto que chega, assim como representa tempo de purificação, renovação e inspiração para o ano que se inicia.
Após as primeiras trovoadas de janeiro, iniciando as plantações do fruto após as primeiras chuvas, os “detentores de saber” vão escolher o dia para o flechamento do primeiro imbu que aparecer da safra. No final de semana logo após o dia esse flechamento iniciam-se as corridas, que são movimentadas em grandes terreiros durante quatro finais de semana.
A ancestralidade, a reger a fé e força do povo, é personificada nos Praiás, indígenas cobertos com uniforme de fibra de caroá, que conduzem o Toré ao som dos toantes, maracás, manifestando a força encantada aos presentes. Segundo a cosmologia Pankararu os Encantados são entidades que estão presentes em toda a terra indígena enquanto elo entre aqueles que fazem parte do mundo humano com a entidade maior que não está presente nessa terra.
As festas são organizadas por famílias zeladoras dos Praiás que organizam os espaços (Poró) onde são guardados e onde certas obrigações são realizadas de forma a manter a força encantada viva entre os membros da família.
O ciclo fecha no quarto final de semana com a saída do “Mestre Guia” chefe de todos os encantados. O momento é esperado por centenas de pessoas que aguardam sua saída em vigília por toda madrugada em completo silêncio. Pirão e garapa são ofertados aos presentes para alimentar o corpo, as bênçãos do Mestre Guia alimentam o espírito.
Secretaria de Assuntos indígenas
Texto de Daniel Filho
https://jornalistaslivres.org